São Paulo segue nas tratativas para compra de frotas elétricas, porém Curitiba sai na frente e já programa testes.

Outras capitais correm para implantar novos veículos até o final de 2024 mas ainda precisam criar planos de implantação para os novos ônibus

A Desenvolve SP, agência de fomento do Estado de São Paulo, informou à imprensa que continua com as tratativas com o Banco de Desenvolvimento Alemão (KfW), com vistas à estruturação de modelo de negócios voltado à mobilidade urbana, onde uma nova rodada de reuniões está prevista para ocorrer nos próximos meses. No relatório publicado no último dia 19 de abril de 2023 pela instituição, ela afirma estar buscando novas fontes de recursos para atender as demandas e cumprir com o seu papel de agente financeiro do Estado de São Paulo.

O maior obstáculo para a introdução dos ônibus 100% elétricos na frota de transporte coletivo, está justamente no custo do investimento. Elaborar modelos de negócios que viabilizem a compra é uma das urgências do país. A prefeitura de São Paulo informou em novembro de 2022 que formatou um projeto para inclusão de ônibus elétricos e infraestrutura no sistema municipal com a participação da distribuidora de energia Enel. Para cumprir a meta, o prefeito Ricardo Nunes prometeu incluir 2,6 mil ônibus até o fim de 2024, o mercado estima que será necessário um investimento de R$ 8 bilhões, sendo R$ 3 milhões por veículo.

Para Ricardo David, sócio-diretor da Elev, o investimento em São Paulo é muito importante. “A principal porta de entrada para a população para os automóveis elétricos será por meio dos coletivos. Deste modo, a transformação do modal buscada pelas capitais brasileiras é algo necessário e faz parte de uma realidade que se expandirá por todo o país. Porém, principalmente por se tratar de uma transformação significativa, é necessário utilizar como exemplo modelos que já deram certo em outros municípios”, afirmou o executivo.

Em Curitiba, o ônibus elétrico da BYD começará a circular na próxima sexta-feira (28), abrindo a fase de testes para o plano de mobilidade elétrica no transporte coletivo da prefeitura de Curitiba (PR). Segundo comunicado divulgado pela prefeitura da capital paranaense, o veículo articulado vai circular, sem passageiros, pelas rotas das linhas Interbairros II, Inter 2 e no Eixo Leste/Oeste.

Será uma avaliação de 30 dias, podendo ser prorrogada por mais 30 dias, que marcará o início da série de testes técnicos com veículos elétricos que vão servir de base para o plano de mobilidade elétrica do município. No edital, já constam seis empresas cadastradas – além da BYD, Eletra, Volvo, Mercedes, Higer e Marcopolo farão testes – e oito veículos que serão testados até outubro.

Os resultados desses testes servirão de base para elaborar o edital de compra dos primeiros ônibus elétricos que farão parte da frota municipal, em 2024. Os ônibus elétricos vão trafegar nas linhas Inter II, Interbairros 2 e Eixo Leste Oeste, que transportam cerca de 370 mil pessoas por dia.

Até 2030, a meta é de que 33% da frota de ônibus de Curitiba deverá operar com emissão zero; alcançando 100% até 2050, como parte do Plano de Ação Climática (PlanClima), alinhado às ações globais de sustentabilidade. No comunicado, a prefeitura explica que o ônibus elétrico articulado da BYD irá circular sem passageiros nesta fase de testes por conta do posicionamento das portas de embarque, que ficam do lado esquerdo, fora do padrão do nosso transporte público.

Em Cascavel, a prefeitura compra os veículos, com recursos do Banco Mundial, e fornece para os dois operadores do sistema na cidade. Os 15 ônibus representam 10% do total. Não existe um cronograma definido, mas a expectativa é que o processo avance até atingir praticamente toda a frota. A troca não deve ser de 100% porque a cidade tem uma área rural importante e os modelos elétricos não são apropriados para essas regiões. Além do investimento nos modelos elétricos, a cidade vai construir uma usina de geração solar para abastecer os ônibus.

Outras Capitais

Do mesmo modo, o sistema de transporte coletivo de Salvador, capital da Bahia, vai começar a operar com frota elétrica. Recentemente, a cidade adquiriu oito unidades do e-Bus. O ônibus totalmente elétrico a baterias da Eletra, com motor WEG, é montado sobre chassis O 500 U da Mercedes-Benz. Com carroceria Caio eMillennium de 12,5 metros de comprimento, o e-Bus transporta 72 passageiros.

Além de Salvador, mais quatro unidades do e-Bus chegam à Grande Vitória, no Espírito Santo. Os modelos vão operar na região metropolitana de Vitória. Assim como em Salvador, os ônibus Eletra para a Grande Vitória são montados sobre chassis Mercedes-Benz O 500. Com carroceria Caio eMillennium de 12,5 metros de comprimento e motor elétrico, inversor e bateria WEG.

No País, já circulam 93 ônibus da fabricante chinesa em operações urbanas e privadas, nas cidades de Belém (PA), Fortaleza (CE), Salvador (BA), Vitória (ES), Brasília (DF), São José dos Campos, São Paulo, Bauru, Santos, Campinas (SP), Maringá (PR) e Rio de Janeiro (RJ).

“A eletrificação é algo irreversível e vem para transformar toda a nossa forma de enxergar o transporte público. Acredito que no futuro, com bastante planejamento, poderemos ter cidades ainda mais inteligentes e que entendam a importância da diminuição do impacto dos combustíveis fósseis”, concluiu Ricardo David.

Sobre a Elev

Fundada em 2021, a ELEV é uma empresa que oferece ao mercado soluções para o ecossistema de mobilidade elétrica, desde o aplicativo que indica os eletropostos pelo país, até a implantação de pontos de carregamento elétrico e atuação em Pesquisa e Desenvolvimento.

Jornalista Responsável: Fábio Bouças